07/03/2010

Não sei qual dos dois, Tim Burton ou Charles Lutwidge Dodgson tem mais pancada, e maior percentagem de ácidos no sangue em horário laboral. Óptimo, óptimo, que mim gostar muito do projecto final.

''Alice in wonderland'' é uma mistura de fiolosofias, excentricismo, cor e magia alucinante. É passado num mundo inimaginável senão nos sonhos. Nascido de um sonho que, repetitivamente e sem porquê, se manifesta na mente de uma miúda de 20 anos.
Sim, já devia era ter idade para ter juízo, em vez de pensar no Johny Depp vestido de palhaço ou num coelho com um colete, pensam vocês. E cair num buraco numa árvore no dia do próprio pedido de casamento? Já vi desculpas melhores, Alice (atenção, ninguém disse que não é uma boa ideia).

Para todos os efeitos, e independentemente da idade, este filme recordou-me uma tendência curiosa que o Homem tem em se refugiar no seu próprio mundo. A mim por acaso dois gémeos gordos nunca me apareceram. Mas o Johny Depp não era mal jogado. Nisto foi esperta, a pequena.

Tentação perigosa por vezes esta de nos isolarmos no nosso mundinho. E que retrato espectacular faz dela esta história.
Não querer voltar, ou não saber distinguir. O que é real, afinal de contas? Esta vida, a próxima? Os sonhos, a realidade? O que tocamos, o que sentimos? O que pensamos? As ideias, o passado, o presente, o futuro?

Eu também entrava em paranóia, se no meu sonho tivesse o Johny e na real um ruivo feio e chato. Não sei se queria acordar. Fazia cara ou coroa e a moeda que escolhesse.

Já estou como o Matrix ou o Avatar. Parece infinito, este dilema entre a dura e crua realidade e o fantástico sonho. Uma questão a discutir, e a filosofar. Mas não por mim, que tenho de entregar um trabalho de alto calibre terça-feira.

Para mim, o momento surpreendente e alto do filme foi a decidida atitude que o autor desta história escolheu que a protagonista tomasse. No momento de escolher, enfrentamos ou não o despertador, até aquele chanfrado decidiu a Vida. The real one, a dura mas concreta. Talvez só tenha acabado assim o filme porque lhe acabou a droga, mas não deixa de ser um final interessante.
Os problemas e a vida, são para enfrentar de frente. E Tim, muito maluco muito maluco mas alucinado não estás, que bem te encheste com este filme, espertalhão.
O sonho, a wonderland, a droga e a loucura fogem do caminho de terra que percorremos. Mas são inspirações de que precisamos para ter força para andar. (pessoalmente dispenso a droga, obrigadinha).

E quem disse que não dá para sonhar acordado? E ser feliz nesta vida?

A título final, e para esgotar estas filosofias baratas, adorei e aconselho a película. Além disso, os óculos são bonitos. É um efeito engraçado ver tanta malta em pleno Março fechada dentro de um cubo escuro com tal acessório. Parece que estamos todos num solário colectivo. O melhor lugar para apanhar integralmente o panorama é na primeira fila. Juro! Ou pelo menos assim arranjei uma maneira de me conformar com o facto de serem os únicos lugares disponíveis.
Estou feliz com esta ideia.

Duas conclusões para este fantástico filme.
A primeira: há inevitavelmente e sem excepção, uma criança em cada um de nós; a segunda é uma mera confirmação de um facto que já há muito tempo desvendei: há gente muito louca neste mundo. O que não é necessariamente mau. Agora filosofem sozinhos.

- Have I gone mad?
- I'm afraid so. You're entirely bonkers.
  But I'll tell you a secret. All the best people are.

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