02/03/2010

Andamos nesta ânsia, nesta correria constante, nesta luta entre a Razão e a Paixão.
É o João que é doido por bichos, mas não pode ser biólogo porque não dá emprego.
É a lamechas que quer dizer que sim a tudo ao namorado, e que falta a um teste pelo lanchinho.
É o outro que gosta da ex e a sonha todas as noites, mas não pode pois tem é idade para copos, e sou eu e outros tantos que andam constantemente nesta corda bamba em que de um lado está um mar-de-rosas e do outro uma escravaninha com dinheiro ao lado esquerdo, e a lista dos 10 mandamentos.
Em qual dos dois me hei-de afogar? Pergunto eu.

Vivo nesta Guerra em que não sei a que lado pertenço.
Em que há os corajosos que sofrem e choram, e que vivem da emoção de uma possível vitória. Que sonham e que levam facadas no coração.
E há os que têm as melhores armaduras, e têm medo. Não se conhecem, não se abraçam, e, presos por aqueles blocos de ferro, tendem a ganhar mais batalhas.

Não sei a que lado pertenço, se à Paixão, se à Razão.
Não sei de que lado jogo melhor, se aguentava um rasgão ou se me serve uma armadura.

Só sei que esta ponte, de largura milimétrica, me persegue. Me quer testar, e ver se caio.
E quero passar para o outro lado, embora não saiba de que arma preciso.

Quando estou inclinada para me integrar num exército, o outro chama-me, e alicia-me com argumentos probatórios de que serei mais feliz se fizer o que pensar ou o que sentir.

E se puxares tão depressa a minha corda para o lado das chamas e das rosas vou cair. Mas se só pensar e me sentar na escrevaninha, não me vou rir e abraçar os outros guerreiros que lutam como eu, e o meu coração acabará por secar.

Será Felicidade viver morto, ou morrer?

Talvez seja não entrar na Guerra, não passar pela corda. Mas não se nasce de outra forma.

Estou cansada de não ter tempo para pensar no que sinto. E de misturar estas duas águas, que ainda não percebi se se misturam, ou se alguma é azeite.

Tristemente penso, e sinto-me triste por não sentir o pouco que sei, e não saber decifrar o que sinto.
Frustro-me por perder a batalha com o Amor, quando te penso, e com a Razão, quando te sinto.

Talvez não seja feliz com azeite, pois não te consigo misturar com o pensamento, que te repugna.
Talvez precise de água que se misture com o meu ser, que se funda com o que sempre sonhei para a minha vida, e que só assim me mata a sede.

Mas aquele mar-de-rosas chama-me e promete-me ter mais sabor. Que é possível que se funda com a água, quando as rosas amadurecerem e se diluírem. E que me transbordará o corpo de felicidade.

Não sei se acredito. Se consigo estudar a sonhar-te, e se te consigo amar tendo a Razão no meu exército.

Vou pensar, deixar o tempo passar, pensar melhor.
Mas vou pensar com paixão.
Se não não vale a pena.

1 comentário:

  1. Escolhi a Paixão e funcionou bem. Não esquecer que a vida não dá duas hipóteses. Que o dinheiro e sucesso social não são tudo. Que não deve haver nada pior do que chegar a Velho e não sentir que se deu tudo por si e aproveitou ao máximo as horas que tivemos a bordo do planeta Terra. Há que equilibrar claro e trabalhar para viver, em vez de viver para trabalhar.

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