28/02/2010

Para este escuro e belo Domingo:

Plano sonhado e ambicionado: fazer inveja a quem não foi ouvir Crookers espalhando sms' patetas a todos os amigos e conhecidos; derreter no sofá da sala; re-ver episódios recentemente vistos da Anatomia de Grey com mais atenção para apontar frases giras; escrever e postar neste lindo blog textos bonitos sobre o fim do mundo e o filme do Scorsese; comer o almoço à hora do pequeno-almoço e o jantar ao lanche; chocolates chocolates chocolates; não olhar para o espelho à noite.

Plano real: estudar; chocolates chocolates chocolates; não olhar para o espelho à noite.

27/02/2010

Oh minha gente, que seria perder um sábado porque está corrente de ar. Este mau tempo, se pensarmos bem, às vezes é uma benção.
E se o ventinho não soprasse ia de certeza merendar com umas amigas ao ar livre e beira-mar (mesmo que não apeteça, S. Pedro ordena umas docas, baixa ou casa da guia) e não ia ver o Shutter Island que correm rumores de que é um óptimo filme.
O que é que se pode querer mais de um sabaducho?

26/02/2010

Atenção senhores engenheiros

(José Sócrates, que consulta este blog, está agora pensativo se lê ou não)


Quero viver até ao dia em que seja criada uma máquina que escreve aquilo que eu penso, sem me terem de doer os indicadores.

Depois dava para apagar o que não queríamos que aparecesse, claro. Se não não quero.
À primeira até tinha graça, mas se todos os dias lesse o rodapé do meu querido amado canal de meteorologia (sempre tive um fraquinho) com frases do género ''...esperam-se largos período de precipitação e por falar nisso tenho vontade de fazer um ganda xixi'', acho que à quinta vez vomitava.

Servia assim para fazer os exames de duas horas e meia sem ter calos masculinos, e para riscar a falta de pachorra da lista de coisas que me impedem de escrever neste blog for several times.

Condição daquela futura maravilha da natureza: não explodir por excesso de informação por minuto, ou acabaria eu num cirurgião plástico pobre e feia.

É que, pensando bem, uma máquina que descreva e escreva tudo o que penso talvez me apresentasse resultados um tanto ou nada confusos. Quando a geringonça aparecer nas bancas vou testar durante uma hora escrever um texto sobre a infância ou verniz de unhas primeiro por escrito, e depois na dita cuja. Ah e outra coisa, acho que não há ainda no mercado informático computador ou iPhone com memória suficiente para tal dimensão e confusão mental.

Sugiro nesse caso que inventem um também.
Pode ser?
De preferência antes de 2072, que foi quando sonhei que ia morrer atropelada.

Saudades dos tempos em que não te tinha, Saudade.

Estou com saudades. O que, no meu caso, não é bom. Não gosto, e que não me seja pedida uma muito aprofundada explicação, mas sinto-me como se tivesse dentro de um aquário, e doem-me os pulmões.

Pois, hoje vêm-me tais pensamentos à cabeça:
Estou com saudades de uma coisa que não me lembro se já tive.
E tenho saudades de momentos que nunca vivi, e de uma pessoa que nunca fui.
Saudades de sentimentos que nunca senti e que não sei se existem.
De lugares, palavras e olhares que nunca aconteceram.
De alguém que mal conheci.


E, supostamente, saudades não é muito mais nem menos prova de que o passado valeu a pena. Não é? É bonita, esta atribuição. Um bocado amaricada, mas enfim. Poois, e as saudades do que não é passado nem presente? Agora deviam-me responder à letra seus maricas sabichões.

O cérebro humano bem que podia ter dispensado esta reacção química estúpida. É que, além de queimar neurónios, não tem qualquer fundo com sentido.
Hipoteticamente ilustrando: ora gosto de uma coisa. Ora tive essa coisa. Ora gostava dela, ora: felicidade. Ora já não a tenho e vou lá traulitar os miolos a pensar nisso.
Ora adoro aquela pessoa, fazia parte da minha vida e fazia-me feliz, ora já não faz parte da minha vida e eu estou menos X por cento feliz. Mas bora aí não ouvir Crookers amanhã mas sim curtir umas dores nos pulmões ao som do ''Oceano Pacífico'', porque se tem umas saudadecas. Daquelas que activam mesmo a glândula lacrimal, para ver se apimenta mais a coisa.

Queda para chorar, assim por norma não consta. A mim magoam-me os pulmões, que maçada. E estas saudades raras estão-me a dar dupla-dor.

Estarei a sonhar? É que eu sonho bastante. Vou esperar 5 minutos aqui deitada, só para ver se o despertador toca.

Ai raio de pulmões, odeio saudades com todas as minhas forças.
Ah, vou ver se tenho o soutien apertado de mais, que também pode ser disso.

Espero que o ponteiro ande em câmara lenta nos próximos 4 minutos em que estar maluca é só uma hipótese, ainda que provável. Como dizia o outro: ''A esperança é a última a morrer!''
Imaginem lá sair-vos na rifa uma sogra com tal nome. É um pensamento interessante contudo a não desenvolver, a não ser que queiram acabar dando um tirinho na cabeça.
Pagar ou não pagar 16 euros?
Perder ou não perder uma tarde a tentar arranjar borlas?
Enfiar-me ou não me enfiar na fábrica lisboeta?
Sair e não estudar ou estudar e não sair?


Realmente na vida é mesmo preciso fazer escolhas.
Como a de amanhã! De vida ou de morte.
Que complicada e difícil, esta vida de estudante.

25/02/2010

PS: Ensaio sobre a Cegueira, baseado no livro do José Saramago, não tem nada a ver com a assorda mental do dito cujo. Por outras palavras, muuuito bom.

Aconselho.

Isso, e um pezinho de dança hoje no Urban Beach.

Mim gostar de Nelson

Gosto de surpresas. Das más gosto menos, as boas aprecio bastante.
E tenho uma particularidade já conhecida por quem tem a sorte de saber da minha existência neste hemisfério, que é a de gostar muito de ir ao cinema. Com um simples senão, que já se tornou quase um slogan da minha pessoa: ''Gosto de muitos poucos filmes, mas todos me entretêm''. E depois meto-me com aquelas minhas single-minded ideas de que só gosto dos filmes do Almodovar, do Efeito Borboleta e o Ilusionista, e talvez mais dois ou três.

Claro que me meti na sala 9 ou 10, onde passava o Invictus, já (de propósito) com o pé esquerdo à frente. Filmes sobre Golf ou futebol americano, por muito carismáticos que sejam, nunca me inspiraram particularmente no grande ecrã.

Mas aquele filme, aquelas palavras e toda aquela filosofia, inspirou-me e bem. Agradecimentos ao Nelson, e ao autor do tal poema.

Sim, como boa conclusão diria que foi surpreendente a emoção que um filme cujo protagonista, em boa verdade se diga, é uma bola de rugby, despertou em sua excelência Inês.

E Nelson Mandela, Mestre Nelson, aquele discurso sobre inspiração deu cabo de mim.

''Tens sorte na maneira como encaras os problemas, és tão forte, na tua situação não aguentava e fazia X ou Y, ou não fazia nada e deixava passar o tempo enquanto me lavava em lágrimas no meu lar'', dizem-me por vezes as amigas, as conhecidas e as desconhecidas com quem falo na noite (obviamente com palavreado menos piroso). Pois, são essas e as que nunca viram este, ou similar filme.

Todos temos um limite humano, uma dead line que nos é traçada pela nossa condição humana. Deixa cá ver um exemplo. Pressinto que talvez se me mandassem matar um leão em plena Praça de Espanha teria de suar um bocado. Ou se me atirassem de um penhasco ou da ponte de S. Francisco, admito que demorava um pouco mais a levantar voo do que um pardal.

Pois, o nosso limite. As nossas limitações. O facto de aguentar não responder a 5 mensagens do ex-namorado ou ex-amiga, mas fraquejar à sexta.


Os que conseguem?

Matam o leão. Vooam, e não respondem a mensagens de engate.

Algum engenheiro maluco inventou uma arma de fogo, e antes algum pensador a imaginou. A olhar para um pepino, sei lá. Algo paralelo àquela linha o inspirou, e o fez criar.

À miúda que não respondeu ao ex-namorado, talvez uma música, um discurso ou um filme também.
Ou uma mensagem de outro, às vezes resulta.

Não tenho nenhum truque, não vim da sequela do I Robot.
Excedemo-nos a nós próprios quando nos inspiramos, e acreditamos. Na física, em nós, em Alá ou em Deus.
E sim, surpreende-mo-nos. Tal como aquela bola não-redonda me surpreendeu e me atrasou para um jantar que tinha as 22h.

23/02/2010

Fences - Phoenix


Isto é que é inspiração.
Phoenix, se o Hugh Jackman não aceitar caso-me com vocês todos, só para ouvir ao vivo essas lindas cantigas.

Aos que querem ser mais patriotas e estão a fazer dieta: NÃO LEIAM ISTO.

Não acham que os pastéis de Belém têm o mesmo efeito unificador que o rugby teve na África do Sul?

A receita de patriotismo é: 100 g. de açúcar; 3 dl. de natas; 6 gemas de ovos; canela em pó e massa folhada.


Aquilo sim,  faz-me ter orgulho em ser portuguesa.

PS: Cuidado, pois se polvilharem com demasiado açúcar e canela, há a possibilidade da contra-indicação de ficarem tão portugueses que largarão os filhos e o trabalho para lutar pela Pátria, e, no extremo, de concorrerem à presidência da República ou à chefia do Governo como se construir uma nação pacífica e evoluída fosse o vosso último e mais profundo desejo.

Quem alinha em oferecer um copo de pastel de Belém bem esmagadinho e quentinho ao Sr. Primeiro-Ministro a fingir que é um galão?

22/02/2010

Não sei porque escrevo hoje. Não me apetece muito. Não estou sequer inspirada, e nem me sinto na obrigação.

Escrever para quê?
Arrumar ideias, expelir sentimentos e entraves na garganta, aliviar-me?

E escrever para quem?

Escrever porquê?
Sobre quê?

Sobre a Madeira. O Tiger Woods, a morte de algum actor famoso.
Sobre fadas e histórias de bebés.
Ou sobre lamechices e os problemas da vida. Como assombram ou são insignificantes.

Escrever que no voo de ontem fui ao lado do Xor Presidente Luís Filipe Vieira.
Contar uma piada, citar Cesário Verde.

Estou confusa. Não sei o que escrever, porque não sei sobre o que quero escrever.
Não sei o que quero?
Assim dito parece mal. Sei o que quero.
Só não sei... bem.

Sei mais ou menos, aquilo que seria interessante postar neste blog. Qualquer crítica ao filme Invictus ou os avanços da oncologia por aquele puto indiano.

Mas não sei se devia. Não se seria sentido, se o fizesse.
Não sei o que me faria bem, o que me traria felicidade.

Não é o que queremos afinal?
Far-me-á mais feliz fazer o que está certo ou o que me apetece e acho que sinto?
E se for só impulso?
Peço ajuda à Hermione e volto atrás, claro.
E quando andar a bater com a cabeça nas paredes?

Então e quando bater com a cabeça nas paredes por aquilo que não fiz?
Perdi as oportunidades que me fariam feliz?

Ahh, já percebi. Isto deve ser do jet lag. É de certezinha!
A culpa é desse efeito ridículo. É completamente psicológico, não acredito nessas coisas.

Só tratei da escrita para falar da minha mente confusa por... meras razões burocráticas e estéticas, o texto daria um ar de ser maior.

Mas claro não me interessa nada o que os outros pensam, só me interessa o que eu acho, e escrevo este blog só para mim.

E a assorda mental que se passa deste lado do ecrã é só nervoso por se calhar me terem cancelado o voo para a as Caraíbas em Março.

Amanhã vai ser diferente. De hoje, porque vai ser normal. E ser normal é bom.

E agora vou dormir. Culpa do jet lag, e da mala por desfazer, que não quero encarar.
É por isso que vou apagar a luz. Por isso e para ver se se acende alguma outra  nesta cabeça que ainda baloiça entre os dois lados do Atlântico.

21/02/2010

OMG, I love this city.



PS: nao, ao escrever sem acentos ou cedilhas nao estou a tentar revolucionar a lingua lusitana. E simplesmente o formato dos laptops americanos. Como diria o grande Bruno Aleixo: "Nunca emprestes o teu computador a um estudante do erasmu. Altera-te as configuracoes do teclado, e depois nao consegues fazer cedilhas".



Sem querer parecer numa de revolucionaria, tenho de admitir que adoro avioes! Os de ida, claro. Aos de volta tenho uma certa aversao.

O ponto positivo e que voarei a noite, o que tranquiliza depois de uma noite pouco e mal dormida e 15 horas de andamento em marcha olimpica (sera que o numero de lojas em new york nunca vai parar de aumentar em linha exponencial? Marchando olimpicamente, nao consegui ver Soho numa manha!)
As vezes precisava que um dia tivesse 72 horas (agora e na altura dos exames).

Depois ha os que dizem que "Quem corre por gosto nao cansa", nao e? Pois, para esses xicos-espertos: eu fui a andar. Estou cansada.
E admito a possibilidade de estar a dar bastantes erros ortograficos, ja que ainda estou meio encadeada com as luzes de Times Square.

New York. Nova Iorque, "Nueba Ior" (em espanhol e de longe o meu preferido). Talvez a unica cidade no mundo que nao cidade-Natal onde ninguem se sentira turista.
Admit it, adoro as licoes que me das, big apple!
Em primeiro lugar, nao dormes mesmo. Nao dormes nem descansas, tal e qual vampirao do twilight.
Cinco da manha e es dia. Es viva.
Es isso, e prova de existencia de 200 e tal paises Terrestres. Num mundo onde uns sao policias, outros serial-killers, uns gordos, outras modelos, uns lojistas, outros drogados (intencao de acento no "o").
Mas nesses passeios e avenidas todos deambulam anonimos, e aparentemente sem historia. Sem vicios nem problemas, camuflados pelo silencio ou pelas buzinas dos taxistas. Pelos iPods.

Es o tapete onde exceptuando David Beckham, Obama, historia do Gossip Girl, Hugh Grant e outros tantos, tudo passa despercebido. Tudo e aceite. Aceite ou ignorado, ainda nao consegui decifrar.

Em NY tudo e magico. Tudo e luz, cor e barulho. Tudo e fernetico e excitante. Impessoal, talvez?
Receio que se algum dia sair um livro que descreva todos os pontos, cruzes e sentimentos que se vivem nesta cidade, so o terei em casa se mo oferecerem.
Ou nunca mais leria nenhum. Aposto nuns 30 volumes. Minimo.

New York, America?

"Nao sou ateniense nem grego, mas sim um cidadao do Mundo"

Acho que te desmascarei Socrates.
Definitivamente... Viveste em Nova Iorque.

19/02/2010


''Start spreading the news; I'm leaving today (...)

Right to the very heart of it... New York New York

I WANNA (and I will!) WAKE UP IN THE CITY THAT DOESN'T SLEEP''

17/02/2010

Sabez, argentino


Depois da snowstorm de ontem, começo a acreditar naquele gallego de Santa Fe.
Há pontos comuns entre esta, a noite (entenda-se alcóol), e outras sobre as quais não me pronunciarei.

Quando começa alucina, e as expectativas são altas. Durante, é brutal e ouve-se gritos de emoção.
O problema é depois.

Sem contar com Boston Common (que continua a ser o paraíso na terra) aquela coisa branca pós-nevão mete nojo. Foi pisada, etc. Parece caca. Perdoeem-me a linguagem.

Uma espécie de hangover.

Ressaca, em português.


20:04, MA.

Dizer que ''o tempo cura tudo'' é uma verdade irritante. É talvez a expressão mais badalada em enterros, consultas médicas ou reuniões de amigas daquelas para consolar a que acabou com o namorado.
É irritante. É badalada.
E é verdade.

E é idiota filosofar sobre isto enquanto se desce uma preta no meio dos pinheirinhos e bossas numa estância de Vermont. Tão idiota ou tão pouco que, a mim, me custou uma pequena fratura no joelho, que ainda hoje sinto. Shit.

Parece-me pertinente filosofar agora que não me apoio num pavimento de 70º relativamente ao chão.
Embora tenha pouco tempo (plus pachorra) tento sempre arrumar ideias aqui, em Boston. Não cura propriamente, mas faz parte chegar e dizer ''agora que estive fora''... e inventar uma série de coisas do género ''arrumei as ideias'', ou ''estava a precisar de me encontrar''.

Terei alguma coisa a curar?

Até que pedia ajuda a este tempo-distância, e depois escrevia um livro.

Quantos anos-luz de Boston a Lisboa?

Hm. Constatei, estatisticamente, que a minha irmã mais nova faz 60% menos birras agora do que nos primeiros 2 meses de morada em Massachusetts. E que a A tem menos tristeza nos seus olhos no dia do pai.
Que a outra se habituou a ser gorda. E que eu me habituei a viver sem ti meio ano, e fui feliz, como fui 15x365 dias antes de te conhecer.

''O tempo cura tudo'' está no meu top5 de frases mais chatas e irritantes que se pode dizer em alturas de pressão arterial e nervosa acima da média.

Vou tentar contradizê-la, porque além de chata, irritante e badalada, irrita-me que seja verdade.
O tempo não cura tudo. O tempo não cura nada, pronto. A minha irmã pode já não fazer fitas daqui a 4 meses, mas vai continuar a gostar mais de Cascais. A A continua a ter saudades do pai. A outra ainda sonha com um 34 e eu ainda sinto a tua falta, e talvez ainda te ame.

Mas os calendários e a distância conformaram-me, e Deus traçou-me um novo caminho em que posso continuar a fazer escolhas para ser feliz.

Somos moldados por ponteiros que, felizmente ou não, nos fazem perceber que os minutos movem horas e que estas movem dias, anos, décadas.
A alternativa é contemplá-los, e continuar a olhar a ferida de frente, ou em linguagem comum, a ''bater no ceguinho''. A grande novidade é: a nossa vida (ou pelo menos a minha, que abomino por completo a teoria da reencarnação) não anda em círculos.

E, quer queiramos quer não, damos a volta, tal como o ponteiro. Uns mais cedo, como o dos segundos. Outros mais tarde.
O relógio não pára.

E, sabes que mais? O que espero mesmo é que ande a mil, e me cure rápido esta ferida no joelho.

Tic Toc.

11/02/2010

Sonolento, ainda. Estendeu o braço, em vão, pois já não havia peso do lado esquerdo da cama.
Numa expectativa tão óbvia que dificilmente é chamada de esperança, chamou o nome dela. O tom baixo, um leve e misterioso sorriso de quem espera, até que o sono lhe toma conta. Adormecido, voluntariamente sonha com ela.


Partira. Deixara o lado esquerdo da cama, e deixara-o a ele.
Só tinha uma certeza: a de não ter certezas no seu coração.
Partira, deixara-o a ele e ao lado esquerdo. Caminhando sem garantias de felicidade.
Deixara-o porque o amava. Deixara-o por medo, por insegurança. Por instinto, por não sei quê.
Por engano, talvez.

Em cima da mesa, um bilhete.

E nesse quarto, já longe dela, cheirava a perfume. Roupa no chão, lençóis baralhados, e um sorriso dormente, dele. Ali viveu-se amor. Trocaram-se palavras, explodiu paixão. E ela partira, sem certezas. Sem saber que nunca mais o veria. Com a certeza de que o seu coração pedia mais. Então partiu, sem perguntar nem chorar. Conformada com o facto de ter decidido.
Qualquer coisa, não interessa.
Mas a pergunta, a dúvida de se ele continuaria à espera nos lençóis brancos e usados era tabu.

''Obrigada, pois fizeste-me rir. Mas ele, ele fez-me chorar''.

Sorriu. Continuou sorrindo, pois dormia ainda.
Ao acordar, ao ler o bilhete, saberia que ela o deixara.
Mas aí, já o Sol nascera e iluminara o seu sorriso e aquele infindável espírito alegre, grande, de amor.
Não sei se sorrirá nessa noite, quando olhar o lado esquerdo da cama e não cheirar a perfume.
Mas ela perdera-o. O seu sorriso, o seu enorme espírito com uma capacidade infinita de espalhar felicidade, e de fazer alguém feliz. Quem sabe a ela.
Mas ela, que o experimentara, o desprezara, e o espezinhara, preferiu as lágrimas, e os sentimentos mais vividos, sofridos, fortes, ou o que lhes quis chamar.

Quando deu por si e o desejo e as saudades a apertaram, sentiu a falta dele.
À noite, uma lágrima caiu. Mas talvez fosse do soro. Do frio.

Chegou a uma conclusão, já largos anos vividos: um desejo exclusivo, autêntico e ardente de felicidade.
Qualquer coisa tão óbvia por que, sem saber porquê, nunca lutara até ao fim.
E agora?

09/02/2010

Esta mania de aderir ao mundo tecnológico pelo simples facto de estarmos no século XXI faz-me uma certa comichão já desde há uns tempos para cá.
Sim, que bom que é poder saber as máximas de amanhã em Buenos Aires pelo telemóvel, ou mandar um mail ao paizinho em pleno Dolce Vita.
Mas por favor que me sejam poupadas as inscrições da bela da faculdade por internet, cujo sistema encrava de 2 em 2 minutos. Tenho árdua inveja dos tempos em que se fazia directas de saco-cama e farnel à porta do Gabinete de Direito para fugir ao Jorge Miranda durante o semestre. Os tempos em que o gay atendia o telefone, e não era esta balbúrdia. E eu que gozava com o meu avô.

''Ah, é muito melhor assim, diz que é móderno''.

Se não tivesse calhado na desejada e majestosa turma 4, pintava a manta. Só não acabava com esta teia de ondas electrónicas - internet - por piedade a este mundo blogosférico e aos sites em que vejo Anatomia de Grey. Caso contrário, atirava o Bill Gates de um penhasco, e outros tantos. Sem pena nem temor.


01/02/2010

Se calhar é genial, esta frase.

"QUANTO MAIS ME ELEVO MENOR EU PAREÇO AOS OLHOS DE QUEM NÃO SABE VOAR."
Nierzshe