17/12/2009

Fui. Sou! Serei...


Vou trocar um ‘‘fui’’ por um ‘‘sou’’.
Vou trocar um ‘‘podia ter sido’’ por um ‘‘posso ser’’.
Vou acordar, esvaziar o meu armário e deitar fora o que não uso.

Porquê? Porque é que custa? Rasgar a fotografia dele, ou jogar fora as calças 32 que já não entram. Porquê ?se a fotografia até é feia, e as calças completamente oldfashion, e ocupam um espação no armário.
É irracional. Extremamente irracional e estúpido.


Vou tirar mais fotografias. E esvaziar o meu armário, porque mesmo que hoje não me apeteça, vou comprar coisas novas de certeza.


Às vezes esqueço-me que vou precisar desse espaço. Que hoje já preciso.
Tão presa às memorias, dou por mim a deixar passar o tempo, que  vai somando minutos e dias enquanto tento sair dos mil armários que inconscientemente insisto em guardar.


Às vezes, quando o despertador toca, e chove lá fora, não me lembro dos motivos pelos quais não posso estar presa. E às vezes não apetece sequer sair.


Às vezes as memórias são mais fáceis de sonhar, são mais fáceis do que arriscar molhar os pés.


Mas um dia, vou acordar e desprender-me delas, e das calças 32 que já não uso.


Vou trocar aquele ‘‘se eu tivesse...’’ por um ‘‘vou.’’
Não vou questionar o porquê de as calças já não servirem, só porque hoje é dia moody e não gosto da chuva.
Não servem porque não servem. Já serviram, sim, e depois? Cresci, e tenho umas novas. Ou se não tenho, é porque vou encontrar, e porque o melhor... Ainda está para vir!


Não vou ignorar a chuva. Aproveito e ponho as galochas que espero há um ano por usar!


Quanto às calças, vou dá-las a alguém até, porque não guardo rancor. Se calhar assim até já olho para o armário com outros olhos, sem me prender àquele passado de ganga, que me tem levado a sonhar e não viver; que muitas vezes escondia a camisola verde que me entrava na perfeição, no fundo do armário. Aquela. Que eu, cega pelo que já não posso ter, acabei por não reparar.


Não vou. Não vou mais procurar a felicidade que ‘‘podia ter tido’’.
Vou amar o hoje, porque sei que me vou surpreender.
Vou procurar o que posso e vou ser, e o que posso encontrar.
Não vou mais pôr o hoje no ontem, os problemas da chuva no passado. Não vou viver os dias em que ficava tão bem com aquele 32. Não vou fazer dieta para lá voltar, porque se calhar até nem quero, e faz mal à saúde.
Vou vestir coisas novas, vou renovar o meu armário, e vou sair com esta chuva. Ir ao Colombo, se for preciso! (ou a um maior, que de certo construirão amanhã)


Vou dar valor ao que tenho hoje. Vou fazer planos.


Vou jurar que se ontem deixei fugir alguma peça, hoje não deixo cair uma linha da minha felicidade. Caso contrário, amanhã vai custar outra vez a sair da cama, presa outra vez ao passado, nem que seja porque é passado e sinónimo de derrota. Às vezes só mesmo porque é... passado!, e conforta, ou mexe cá dentro.


Idiotice.


Não vou deixar. Não vou perder o agora a pensar no que lá foi.
Vou pôr o presente no presente, e se possível, no futuro.
E hoje, vou esvaziar o meu armário, e tirar o que não gosto e me arde cada vez que me visto.


Vou ser feliz. Hoje.
E vou sair de galochas, preparada para a chuva.

2 comentários:

  1. andas a renovar o teu "armário", é?
    *

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  2. Adorei Inês! Peço o teu perdao por ter demorado tanto a ver o teu blog, mas tinha um bocado de medo de deixar de ser tua amiga... Sabes, é que eu já tive um blog e cada vez q o leio... fico cheiaaaa de vergonha alheia da pessoa q escreveu aquilo! lol
    Uma beijo para ti

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