Dava quase a sensação de uma tentativa de pulverizar o cidadão lisboeta com o terrooor sísmico, fruto da experiência traumática portuguesa. Ou talvez fosse em mero tom de fofoca.
''O quê, não sentiste? A água a mexer nos copos, os candeeiros pendulares, os cãezinhos a ladrar e o Nuno Perlouro na RTP N?''
Lamento desapontar, mas a resposta é um claro, conciso, concreto, completo e inequívoco não.
A razão é simples, e justifica-se com base na mutação que sofro 45 segundos após me deitar no meu leito.
Uma espécie de fusão ser humano-pedra. Mármore sonhador, arrisco chamar-lhe.
Facto probatório deste síndrome tomou lugar já há uns meses atrás. Então não é que às 3 e meia da matina dispara o alarme geral a 3 metros do dormitório e a bela adormecida mantém-se impávida e serena, de pálpebras cerradas. (a dormir, entenda-se)
A casa num virote, portas a abrir (também fechavam!), alto volume verbal por parte dos familiares, e uma mãozinha da polícia.
Manhã seguinte: ''Han, porque é que estão com essas olheiras? Não se deitaram muito tarde ontem! Realmente... já não se lembram que é preciso dormir bem?''
Pois bem. A única coisa de que me recordo da passada noite de 16 de Dezembro, é do pesadelo filosófico que ocupou a minha mente até 5 mins antes de o despertador tocar.
A moral consistia numa espécie de: ''Ser boa pessoa ou não ser... Eis a questão, enquanto corre um urso de 3 metros atrás de ti''.
''Corro e não aviso ninguém, na esperança de que o bicho se entretenha com um velhinho no caminho, ou faço um anúncio em megafone e levo ao colo os bebés que encontrar enquanto corro?''
Ainda ouço aquela voz lá ao fundo a ecoar: ''Lá vem o uuurso''.
Tremi. Mas foi de medo.
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