Sonolento, ainda. Estendeu o braço, em vão, pois já não havia peso do lado esquerdo da cama.
Numa expectativa tão óbvia que dificilmente é chamada de esperança, chamou o nome dela. O tom baixo, um leve e misterioso sorriso de quem espera, até que o sono lhe toma conta. Adormecido, voluntariamente sonha com ela.
Partira. Deixara o lado esquerdo da cama, e deixara-o a ele.
Só tinha uma certeza: a de não ter certezas no seu coração.
Partira, deixara-o a ele e ao lado esquerdo. Caminhando sem garantias de felicidade.
Deixara-o porque o amava. Deixara-o por medo, por insegurança. Por instinto, por não sei quê.
Por engano, talvez.
Em cima da mesa, um bilhete.
E nesse quarto, já longe dela, cheirava a perfume. Roupa no chão, lençóis baralhados, e um sorriso dormente, dele. Ali viveu-se amor. Trocaram-se palavras, explodiu paixão. E ela partira, sem certezas. Sem saber que nunca mais o veria. Com a certeza de que o seu coração pedia mais. Então partiu, sem perguntar nem chorar. Conformada com o facto de ter decidido.
Qualquer coisa, não interessa.
Mas a pergunta, a dúvida de se ele continuaria à espera nos lençóis brancos e usados era tabu.
Qualquer coisa, não interessa.
Mas a pergunta, a dúvida de se ele continuaria à espera nos lençóis brancos e usados era tabu.
''Obrigada, pois fizeste-me rir. Mas ele, ele fez-me chorar''.
Sorriu. Continuou sorrindo, pois dormia ainda.
Ao acordar, ao ler o bilhete, saberia que ela o deixara.
Mas aí, já o Sol nascera e iluminara o seu sorriso e aquele infindável espírito alegre, grande, de amor.
Não sei se sorrirá nessa noite, quando olhar o lado esquerdo da cama e não cheirar a perfume.
Mas ela perdera-o. O seu sorriso, o seu enorme espírito com uma capacidade infinita de espalhar felicidade, e de fazer alguém feliz. Quem sabe a ela.
Mas ela, que o experimentara, o desprezara, e o espezinhara, preferiu as lágrimas, e os sentimentos mais vividos, sofridos, fortes, ou o que lhes quis chamar.
Mas ela, que o experimentara, o desprezara, e o espezinhara, preferiu as lágrimas, e os sentimentos mais vividos, sofridos, fortes, ou o que lhes quis chamar.
Quando deu por si e o desejo e as saudades a apertaram, sentiu a falta dele.
À noite, uma lágrima caiu. Mas talvez fosse do soro. Do frio.
Chegou a uma conclusão, já largos anos vividos: um desejo exclusivo, autêntico e ardente de felicidade.
Qualquer coisa tão óbvia por que, sem saber porquê, nunca lutara até ao fim.
E agora?
gostei muito! estou a ver que um café no Canas não foi suficiente. beijinhos e dá notícias de Boston! *
ResponderEliminarOi!!
ResponderEliminarTem um blog muito bom. Parabéns!!
http://medeixagozar.blogspot.com/